sábado, 25 de junho de 2011

CORONA - Paul Celan



Da mão o outono me come sua folha: somos amigos. 
Descascamos o tempo das nozes e o ensinamos a andar:

o tempo retorna à casca.

No espelho é domingo, 
no sonho se dorme, 

a boca não mente.
  

Meu olho desce ao sexo da amada:
olhamo-nos, 

dizemo-nos o obscuro, 

amamo-nos como ópio e memória, 

dormimos como vinho nas conchas, 

como o mar no raio sangrento da lua.

Entrelaçados à janela, olham-nos da rua:
já é tempo de saber!

Tempo da pedra dispor-se a florescer, 

de um coração palpitar pelo inquieto,

É tempo do tempo ser.. É tempo.

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